Divulgação
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Hoje
vamos fazer uma discussão sobre igualdades salariais entre homens e mulheres, a
partir de um recorte analítico do filme “ A guerra dos sexos” e a matéria da
Revista Exame publicada na edição nº 1148 de 25/10/2017 intitulada “Mulheres no
topo”.
Billie Jean King |
Você pode estar pensando, sim, legal o relato, mas isso foi há quase 50 anos. Hoje, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, assegurada a proibição de tratamentos diferenciados pela Constituição Federal desde 1988. Mas, será que homens e mulheres quando desempenham as mesmas funções em igualdade de condições como escolaridade e carga horária de trabalho ganham os mesmos salários?
Bem,
desde 1951, a Organização Internacional do Trabalho proíbe o tratamento
diferenciado entre homens e mulheres ao desempenharem as mesmas funções. O que
inexoravelmente nos leva a conclusão: o título do artigo está décadas
desatualizado.
Porque o “agora” data de 66 anos atrás. Parece
um paradoxo, mas não é.
Se
assim, não fosse, o que justificaria uma Revista de reconhecimento nacional
como a “Exame” fazer uma reportagem com mulheres ocupando espaços de liderança
nas empresas brasileiras, apresentando discussões, inclusive, sobre desigualdade
salarias entre os gêneros?
O
tema é preocupante e atual. Dados do Fórum mundial econômico publicados no dia
26 de outubro do ano de 2016 trouxeram, no Relatório de Desigualdade Global de
Gênero, que se o Brasil continuar progredindo em relação aos direitos humanos,
mantendo as condições atuais da economia, não ocorrendo fenômenos de influencia
negativa, como crise econômica, apenas em 95 anos alcançaremos uma equiparação
salarial entre homens e mulheres.
Importante
dizer que em atendimento à Convenção Internacional sobre eliminação de todas asformas de discriminação contra a mulher, o Brasil vem promulgando leis que tem como finalidade acelerar a
igualdade entre homens e mulheres, como a lei que estabelece cotas mínimas e
máximas para cada sexo na participação das eleições; que dispõe sobre regras
sobre acesso da mulher ao mercado de trabalho e que proíbe a exigência de atestado
de gravidez no momento de admissão a empregos.
Mas, não podemos deixar de observar que as referidas
ações não vêm proporcionando diferenças estruturais, ou não tanto quanto se
espera e deseja. Vejam só: na Constituinte de 1988, o Congresso Nacional
contava com 559 congressistas, desses, 26 eram mulheres. Passados quase 30
anos, hoje são 513 deputados federais que representam as 27 unidades
federativas, sendo 51 vagas ocupadas por mulheres, segundo site do Tribunal
Superior Eleitoral. Os números dispensam comentários!
Em
conformidade com a Organização das Nações Unidas, baseado em pesquisas, entre
os anos de 2010 e 2015, as mulheres brasileiras têm melhor desempenho escolar,
porém esse índice educacional não é garantidor de igualdade salariais em
relação aos pares homens, constatou-se que eles têm um indicador de renda consideravelmente
mais elevado (66,2%).
Concluímos
com a certeza de que as políticas governamentais postas não vêm sendo
suficientes para garantir oportunidades de emprego e igualdade de salários
entre homens e mulheres em nosso país. Algumas pautas não têm avançado como
creche integral, direitos reprodutivos e licença paternidade.
As
mulheres continuam sendo preteridas quando concorrem a posto de trabalho em
igualdade de qualificações com os homens. Se uma mulher tem filho é motivo de
preconceito para contratação- à mãe cabe o papel de levar filhos aos médicos e ir às reuniões
escolares, porém o homem com filho é reconhecido como responsável “pai de
família”.
Aponto
como necessária a implementação de cotas mínimas para homens e mulheres para
ocupações de postos no serviço público e na rede privada, não como posta hoje,
por exemplo, pela legislação eleitoral, que de forma equivocada garante apenas
a participação mínima e máxima entre os sexos na disputa eleitoral, mas sim,
garantias efetivas de presença de contratação.
Bem,
se você nesse momento está querendo me dizer que as mulheres não ocupam espaços
de liderança por falta de competência, poderemos debater esse tema em outro
texto. Aproveitem essa sugestão de leitura e de cinema e depois me contem o que acharam.
Até
breve.
Cláudia R. Santos Garcia
Parabéns. É assim que devemos lutar.
ResponderExcluirHonrada em ter uma colega do Ministério Público ,escritora e membro da academia espírito santensse de letras por aqui.
ExcluirObrigada.